segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Minha querida Sputnik

17/07/10. Haruki Murakami.

"(...) se me permitirem uma generalização medíocre, as coisas inúteis também não têm um lugar nesse mundo longe de ser perfeito? Retire tudo que é fútil de uma vida imperfeita e ela perderá, até mesmo, sua imperfeição."

"(...) era uma romântica incurável, aferrada a seus hábitos - um pouco inocente, para citar algo simpático. Se começava a falar, não parava mais, porém se estava com alguém de quem não gostava - em outras palavras, a maioria das pessoas do mundo -, mal abria a boca. (...) Às vezes, ficava tão absorta em seus próprios pensamentos que se esquecia de comer, e era tão magra quanto um desses órfãos de guerra em filme italiano antigo - como uma vara com olhos."

"'Nenhum homem deve passar pela vida sem experimentar uma vez a saudável, ainda que entediante, solidão do ermo, dependendo exclusivamente de si mesmo, e, assim, descobrindo a sua força oculta e verdadeira'" Kerouac em Lonesome Traveler

"A impressão que dava era de que só precisava cortar as partes excessivas e pronto, mas as coisas não eram tão fáceis assim. Ela nunca conseguia decidir - o que era necessário e o que não era."

"Acho difícil falar sobre mim mesmo. Sempre tropeço no eterno paradoxo quem sou eu? Claro, ninguém conhece tantos dados sobre mim quanto eu. Mas quando falo de mim mesmo, todo tipo de outros fatores - valores, padrões, minhas próprias limitações como observador - faz, a mim, o narrador, selecionar e eliminar coisas sobre mim, o narrado. Sempre me perturbou o pensamento de que não estou pintando um quadro muito objetivo de mim mesmo.
Esse tipo de coisa não parece incomodar a maior parte das pessoas. Tendo oportunidade, mostram-se surpreendentemente francas quando falam de si mesmas. "Sou franco e aberto em um nível absurdo", dirão, ou "Sou muito suscetível, não sou do tipo que se move no mundo com facilidade". Ou "Sou bom em sentir o verdadeiro sentimento dos outros". Porém, muitas vezes, vi pessoas que diziam se magoar facilmente magoarem o outro sem uma razão aparente. Gente que se diz franca e aberta, sem se dar conta do que está fazendo, usa descuidadamente alguma desculpa oportunista para conseguir o que quer. E aqueles "bons em sentirem os verdadeiros sentimentos dos outros" são enganados pela bajulação mais transparente. É o bastante para me fazer perguntar: O quanto realmente nos conhecemos?
Quanto mais penso sobre isso, mais prefiro protelar o tópico mim mesmo. O que gostaria era saber mais sobre a realidade objetica das coisas fora de mim. Como o mundo exterior é importante para mim, como mantenho um senso de equilíbrio entrando em acordo com ele. É assim que obterei uma noção mais clara de quem sou."

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